No Brasil, o dia 26 de setembro é sugerido devido ao fato desta data lembrar a inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1957, com o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES- INstituto Nacional de Educação de Surdo.
E. Huet (1855) Professor Surdo francês fez um programa especial para ensinar os Surdos no Brasil. Este programa consistia em usar o alfabeto manual e a Língua de Sinais da França. Lutou e conseguiu junto ao Imperador Dom Pedro II apoio para fundar a primeira Escola para Surdos no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, o INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos, no dia 26 de setembro de 1857.
Na época, o Instituto era um asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos do país e muitos eram abandonados pelas famílias.
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Graças ao empenho de pessoas que não se enfraquecem frente aos obstáculos esta missão transformou-se numa tarefa conquistada.
Foi para conhecer esta trajetória que buscamos os registros da educação de surdos e encontramos dados muito interessantes que compartilhamos com você através desta coluna. Com a certeza de que por meio desta propagação nos fortalecemos ainda mais.
Na Bíblia a palavra SURDO aparece 18 vezes, 13 vezes no Velho Testamento e 5 vezes no Novo Testamento sendo que a expressão "surdo-mudo" não aparece.
O mudo é aquele que não fala mas tem perfeita audição, se comunica através da escrita.
Hoje, a palavra Surdo(a) vem grafada com S maiúsculo, quando indicar que se trata de pessoa que luta por seus direitos políticos, lingüísticos e culturais.
Direitos e respeito já apregoado na velha bíblia: Moisés (séc. XVIII a.C) "Não deve maldizer ao Surdo e nem colocar obstáculos diante o Cego; quem é que fez os Mudos e os Surdos, os Videntes e os Cegos?”
Mas a realidade é que considerados ineptos para a educação na antigüidade chinesa, os surdos eram lançados ao mar. Os gauleses os sacrificavam aos deuses Teutates por ocasião da Festa do Agário. Em Esparta, os Surdos eram jogados do alto dos rochedos e, em Atenas, eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos. Os gregos, como também os romanos, consideravam os Surdos privados de todas possibilidades de desenvolvimento intelectual e moral.
Hipócrates (séc.IV a.C) escreveu sobre a relação da fala e a audição e no ano de 673, John of Beverly de York ensina a um Surdo a falar de forma inteligível.
Inicia-se então uma batalha incansável na transformação de uma missão até então considerada impossível.
Em 1198, o Papa Inocêncio III autoriza o casamento de um Surdo dizendo: "CUM QUOD VERBIS NON PODES SIGNIS VALET DECLARE". O QUE NÃO PODE FALAR EM SINAIS PODE MANIFESTAR.
Rodolfo Agrícola (1443-1485) citou: Um Surdo que entendia tudo que lia e se expressava por escrito.
Foi o Professor Girolamo Cardamo (1501-1578), médico italiano, filósofo e matemático que iniciou a Educação de Surdos na Europa. Ele afirmava que o Surdo pode ser ensinado por meio de símbolos escritos, mímica, com objetos e desenhos.
Pedro Ponce de León (1520-1584) iniciou a Educação de Surdos na Espanha através da Língua de Sinais e Alfabeto Manual.
Em 1555 um Surdo de família nobre começa a ser ensinado de forma oral em um convento de San Salvador. Foi então empregado os Sinais utilizados para se comunicar nos conventos onde imperavam o voto de silêncio e foi também introduzido o alfabeto manual com uma das mãos, o mesmo alfabeto que é utilizado até hoje sendo que sofreu apenas ligeiras modificações.
Juan Pablo Bonet (1579-1633) publicou o primeiro livro de Educação de Surdos em 1620 onde registrou o alfabeto manual.
John Walis(1618-1687) na Inglaterra, defendeu o treinamento da fala independente do Alfabeto Manual. Iniciou a educação através de gestos naturais e depois língua escrita.
Charles Michel de L'Epp (1712-1789) junto com outros Surdos franceses, Sicard e Clerc , utilizou sinais (gestos naturais e o alfabeto manual era utilizado somente para nomes próprios ou termos abstratos).
Desafiando as dificuldades ele ensinou quatro idiomas aos seus alunos. Defendeu a Língua de Sinais como sendo a língua natural / materna dos Surdos. Concluiu que a Língua de Sinais acontece através da linguagem gestual - visual e é um verdadeiro meio de comunicação e desenvolvimento do pensamento.
Samuel Heinicke (1723-1790) Professor alemão que começou a desenvolver o trabalho de oralização da pessoa com surdez, baseando-se prioritariamente na leitura labial. Desde 1727 surge a controvérsia entre o método gestual francês e o oral alemão.
Tamaso Silvestri (1784) abre em Roma a primeira Escola para Surdos. Na Real Escuela de Surdos primeiramente foram os meninos Surdos que recebiam educação, as meninas tiveram acesso a educação somente em 1816.
Thomas Hopkins Gallaudet (1817) foi para Europa estudar o trabalho realizado pela família Braidwood na Inglaterra - unicamente oralista e com o abade L'Epp e Sicard na Instituição de Surdos em Paris, que utilizavam o método manual, fundou a primeira Escola para Surdos em 1817 em Hartford, EUA. Introduzindo o alfabeto manual na escola.
E. Huet (1855) Professor Surdo francês fez um programa especial para ensinar os Surdos no Brasil. Este programa consistia em usar o alfabeto manual e a Língua de Sinais da França. Lutou e conseguiu junto ao Imperador Dom Pedro II apoio para fundar a primeira Escola para Surdos no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, o INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos, no dia 26 de setembro de 1857.
1880 - foi um ano que marcou a história e aumentou as controvérsias entres as abordagens educacionais para Surdos com os seguintes eventos: 2º Congresso de Milão, o método oral é introduzido oficialmente na França e fica proibida qualquer outra abordagem. A partir daí a história da educação do Surdo passa a ser a história do método oral. Principalmente o método oral multisensorial que enfatiza o uso das várias vias sensoriais para o desenvolvimento da fala: a audição, visão e tato, proibindo porém o uso de alfabeto manual e de gestos.
Congresso de Milão, adota intencionalmente o oralismo (Heinicke) e exclui a língua de sinais da educação de surdos.
1971 - Durante quase 100 anos reinou o "império oralista" como ficou conhecido pela comunidade surda, e foi neste ano, no Congresso Mundial de Surdos em Paris , que a língua de sinais passou a ser novamente valorizada.
A educação de Surdos no Brasil foi influenciada pelas metodologias que
surgiram nos séculos XVI a XIX.
Hoje o Brasil conta com várias Classes Especiais, Salas de Recursos ou seja espaços educacionais para Surdos dentro de escolas regulares e Escola para Surdos para garantir o atendimento de 56.024 alunos Surdos matriculados nas diferentes escolas brasileiras.
O Programa Nacional de Apoio á Educação de Surdos / MEC / FENEIS/SED/CAS/MS foi iniciado em 2001 com a criação de 06 CAS - Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento as Pessoas com Surdez e neste ano foi criado mais 12 CAS no Brasil.
Mato Grosso do Sul foi contemplado a partir de 1984 com o CEADA
(oficializado em 1986) e em 2001 com o CAS/MS.
Entre as abordagens divulgadas na linha do tempo da educação de Surdos ainda vigoram hoje o "oralismo" que podemos chamar de Língua Portuguesa Oral, a Filosofia Comunicação Total que ainda está dentro dos espaços escolares enquanto os profissionais estudam o Bilingüísmo e começam a colocar essa proposta em prática.
O enfoque bilingüe foi introduzido na educação de Surdos pesquisados e
registrados por Danielle Bouvet, em Paris no ano de 1981.
E assim a missão impossível foi lentamente conquistada e se no passado os Surdos eram considerados como seres que não podiam ser educáveis, hoje eles garantem e conquistam espaços se fazendo ouvir apesar de tantas dificuldades.
Mesmo sendo pouco os Surdos Universitários, a Língua de Sinais está sendo utilizada e reconhecida, muitos Surdos estão se aprimorando e tornando-se Instrutores da Libras, Professores, Mestres e Doutores em Educação e tantas outras áreas possibilitando a inclusão e concretizando uma vida mais digna no que já foi considerada uma missão impossível.
Afinal, como disse Oliver Sacks "Somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez, muito mais ignorantes do que um homem instruído teria sido em 1886 ou 1786. Ignorantes e indiferentes(...). Eu nada sabia a respeito da situação dos surdos, nem imaginava que ela pudesse lançar luz sobre tantos domínios, sobretudo o domínio da língua. Fiquei pasmo com o que aprendi sobre a história das pessoas surdas e os extraordinários desafios (lingüísticos) que elas enfrentam, e pasmo também ao tomar conhecimento de uma língua completamente visual, a língua de sinais, diferente em modo de minha própria língua, a falada. (...)"
Nós, só podemos agradecer e engrandecer a todos aqueles que acreditaram e não mediram esforços na transformação de uma missão impossível em tarefa conquistada e através desta conquista possibilitaram vida nova para toda uma comunidade que deixou de ser alheia para estar inclusa.
Por Shirley Vilhalva.
Fonte: APASFI
2 comentários:
Nossa seu blog é muito bom gostei muito da iniciativa.
A língua de sinais esteve proibida durante 100 anos, mas sempre esteve viva na mente da comunidade surda até hoje. Estava fazendo um trabalho sobre o impacto do Congresso de Milão na construção educacional dos surdos e encontrei seu blog, contente em saber que existem pessoas COMO VOcÊ que se interessam em LIBRAS, NÃO APENAS à parte prática, mas a teoria... sucesso querida.
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